“Quando se chega para um jovem e se mostra como funciona o trabalho no campo sem agredir o meio ambiente, ele vai crescer entendendo assim. Como a minha filha, que quando vê o pai jogando um papel de bala no chão, já fala: nossa, pai! Não aprendeu que é no lixo?” A transformação cultural e a consciência ambiental da pequena Ana Luiza Rodrigues Nosvitz, de 6 anos, filha da agente popular, Raquel de Oliveira, é um dos frutos do projeto Semeando Saberes, da Prefeitura de Guarapuava, que entre 2014 e 2017, envolveu os participantes em ações de mobilização ambiental. Na manhã desta sexta-feira (30), a ação de compromisso social e ambiental da Prefeitura de Guarapuava foi premiada durante o Fórum de Gestão Sustentável, que ocorreu na Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), em Florianópolis. Durante o evento, ocorreu a entrega do Prêmio Expressão de Ecologia 2019, onde o projeto Semeando Saberes, da Secretaria de Meio Ambiente, foi vencedor na categoria Educação Ambiental. “Apostamos na formação dos pequenos agricultores para que eles fossem responsáveis por irradiar esse conhecimento dentro da comunidade onde estavam inseridos. Me sinto muito feliz em ver a realidade do nosso interior transformada, com uma preocupação muito mais próxima da população. Sempre tive certeza que serviríamos de exemplo a outros municípios e esse prêmio reconhece isso”, afirmou o prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho.

Participando pela primeira vez do Prêmio, Semeando Saberes foi um dos 24 escolhidos entre 113 empresas, ONGs, prefeituras e entidades da região Sul do Brasil. “É um reconhecimento merecido a um projeto que transformou a relação entre meio ambiente e agricultura para diversas famílias guarapuavanas. Uma iniciativa de trabalho limpo, com geração de emprego, renda e sustentabilidade”, avaliou o vice-prefeito, secretário de Obras e de Turismo, Itacir Vezzaro. O projeto formou 166 agentes populares de educação ambiental na agricultura familiar para serem referências na transformação da realidade de suas comunidades, por meio da adoção de práticas de produção sustentável e tecnologias sociais. “As ações do projeto envolveram a população quilombola, indígena e pequenos produtores rurais. Fomos o único município do Sul do país a conseguir recursos para esse projeto”, explicou o secretário de Meio Ambiente, Celso Araújo.

Os beneficiários foram alunos de comunidades rurais de Guarapuava selecionados pela equipe técnica para participarem do curso de formação, onde foram abordados temas como princípios da agroecologia, sistemas agroflorestais e práticas produtivas sustentáveis. O objetivo do projeto foi envolver e garantir a permanência de jovens no campo com uma participação mais ativa em busca da transformação socioambiental no meio rural. Além disso, essa participação também foi validada pela promoção na igualdade de gênero e fortalecimento do movimento das mulheres do campo. “É muito gratificante receber essa valorização pelo desenvolvimento do projeto em Guarapuava. Mobilizamos muitas pessoas, sendo, aproximadamente, 2 mil famílias entre essas comunidades rurais. É extremamente importante que possamos levar o nome de Guarapuava para outros Estados e poder compartilhar desse projeto que teve grande relevância para o setor ambiental do município”, declarou a coordenadora do projeto, Selba Lopes.

O projeto Semeando Saberes envolveu famílias do Assentamentos da Reforma Agrária (Rosa, Europa, XIII de Novembro, Paiol de Telhas, Nova Geração) e uma comunidade Quilombola (Invernada Paiol de Telhas) que hoje, dois anos após a conclusão do projeto, são multiplicadores e semeadores dos saberes em suas famílias e comunidades.